HEPATITE C

O vírus da hepatite C (HCV) foi descrito de forma definitiva em 1989. Antes de sua descoberta, inflamações no fígado que não eram atribuídas aos vírus da hepatite A ou B eram tratadas com hepatite “não A, não B”. A identificação do HCV conferiu o Prêmio Nobel de Medicina de 2020 aos cientistas responsáveis pela pesquisa.

A infecção pelo HCV ainda constitui grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Estima-se que 71 milhões de pessoas estejam cronicamente infectadas pelo HCV ao redor do mundo e que 400 mil vão a óbito, anualmente, devido a complicações dessa doença, principalmente por cirrose e câncer de fígado. No período entre 1999 e 2020, no Brasil, 262.815 pessoas foram diagnosticadas com o HCV, mas a estimativa é que mais de 1.000.000 de indivíduos possam estar infectados.  Em Santa Catarina foram diagnosticados 11.354 portadores do HCV entre 2010 e 2020 e 586 óbitos foram atribuídos à infecção no mesmo período.

A transmissão do HCV ocorre principalmente por via parenteral, por meio do contato com sangue contaminado, a exemplo do compartilhamento de agulhas, seringas e outros objetos para uso de drogas, reutilização ou falha de esterilização de equipamentos médicos ou odontológicos, falha de esterilização de equipamentos de manicure e reutilização de material para realização de tatuagem. O uso de sangue e seus derivados contaminados foi uma importante fonte de infecção até 1992, quando os bancos de sangue passaram a realizar testagem rotineira para HCV em todas as amostras doadas. Há também a possibilidade de transmissão vertical (da mãe para o filho, durante a gestação). A transmissão sexual do HCV também tem sido relatada de forma esporádica. De modo geral, esta via de transmissão é pouco eficiente e ocorre em relações sem o uso de preservativo. Recentemente diversos artigos tem descrito um risco acrescido de transmissão sexual do HCV entre homens que fazem sexo com homens coinfectados com HIV.

Em geral, a hepatite C aguda apresenta-se com poucos sintomas ou assintomática, o que dificulta o diagnóstico. Habitualmente, a hepatite C é descoberta em sua fase crônica, quando o vírus persiste no organismo por mais de 6 meses depois da infecção aguda. A evolução para a forma crônica ocorre em cerca de 80% das pessoas que tiveram contato com o vírus. Como os sintomas são muitas vezes escassos e inespecíficos, a doença pode evoluir durante décadas sem suspeição clínica.

Por este motivo é importante que todas as pessoas com mais de 40 anos de idade sejam testadas para hepatite C ao menos uma vez na vida, bem como aqueles que receberam transfusão de sangue antes de 1992, com antecedente de tatuagem ou piercing realizados em ambiente não regulamentado e crianças nascidas de mães que vivem com o HCV. Além disso, o teste também deve ser realizado frequentemente em pessoas que vivem com HIV, pessoas com múltiplos parceiros sexuais ou com múltiplas infecções sexualmente transmissíveis, trabalhadores do sexo, usuários de álcool e outras drogas, pessoas transexuais, gays e homens que fazem sexo com homens, população privada de liberdade e pacientes em regime de diálise. 

Os testes para diagnóstico de hepatite C estão disponíveis no SUS. Todas as pessoas que foram diagnosticadas com o HCV podem receber terapia antiviral, que também está disponível na rede pública de saúde. Nos últimos anos a oferta de novas opções terapêuticas, que demonstram maior eficácia e segurança, bem como menos efeitos colaterais, conferem chances superiores a 90% de cura da infecção.   

 

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PERGUNTAS FREQUENTES

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São doenças silenciosas, causadas por vírus que prejudicam o fígado e podem levar à cirrose e ao câncer. Existem vários tipos de hepatites classificadas por letras do alfabeto: A, B, C, D e E.

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É uma doença causada pelo vírus B (HBV). É considerada uma IST-Infecção sexualmente transmissível.

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A hepatite C é uma doença viral causada pelo vírus C (HCV), que leva à inflamação do fígado. Raramente apresenta sintomas.

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Os testes para hepatites B e C estão disponíveis nos serviços de saúde para todas as pessoas. Se você tem mais de 40 anos, é muito importante fazer o teste da hepatite C. Você pode ter sido exposto a esse vírus na juventude. Solicite os exames e aproveite para fazer os testes de HIV e sífilis.

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Hepatite B: É transmitida pelo sangue e/ou nas relações sexuais sem preservativo. É possível contrair a doença por meio do compartilhamento de objetos como agulhas e seringas, lâminas de barbear, materiais cirúrgicos e odontológicos, materiais de manicure sem adequada esterilização ou por meio de materiais para confecção de tatuagens e colocação de piercings.

Hepatite C: É transmitida pelo sangue, uso de drogas com compartilhamento de seringas, agulhas e canudos de inalação e materiais perfurocortantes contaminados. Quem recebeu transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993 deve fazer o teste.

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  • Tosse ou espirros;
  • Beijos ou abraços;
  • Alimentos ou água;
  • Contato casual (como no ambiente do escritório);
  • Compartilhamento de utensílios para comer ou beber.
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Por se tratar de uma doença silenciosa, ou seja, que não apresenta sintomas, o diagnóstico precoce é importante para que você possa ser avaliado quanto à presença de doença hepática. Sabendo se é portador, o indivíduo poderá:

  • Obter o tratamento, caso indicado;
  • Aprender como pode proteger seu fígado de danos adicionais;
  • Aprender como pode impedir a transmissão da doença.
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Hepatite B:

  • Tome as três doses da vacina contra hepatite B;
  • Use sempre camisinha e não compartilhe material de uso pessoal como: alicates de cutícula, lâminas de barbear/depilar e escovas de dente;
  • Tenha seu próprio kit de manicure (tesoura, alicate, espátula, lixa, etc);
  • Exija que todo material de tatuagem seja descartável.

Hepatite C:

  • Use preservativo em todas as relações sexuais;
  • Não compartilhe seringas, agulhas, escovas de dente e lâminas de barbear /depilar;
  • Tenha seu próprio kit de manicure (tesoura, alicate, espátula, lixa, etc);
  • Exija que todo material de tatuagem seja descartável.
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Todas as gestantes devem realizar exame para hepatite B, pois, caso a mãe seja portadora, o recém-nascido deve receber a profilaxia (vacina e imunoglobulina anti-hepatite B), evitando que o bebê seja infectado.

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Todo recém-nascido de mãe portadora de hepatite B deve receber imunoglobulina específica e vacina para hepatite B imediatamente após o parto. A vacina deve ser repetida entre 9 e 15 meses de idade, para ter certeza de que os bebês estão protegidos. O bebê deve ser acompanhado pelo serviço de saúde até os 15 meses de vida para certificar que não houve transmissão.

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Você poderá amamentar somente se o bebê tomar a vacina e a imunoglobulina específica para hepatite B logo após o nascimento. Porém, a amamentação não está recomendada para mães coinfectadas com HIV e hepatite B. Para mães portadoras de hepatite C, a amamentação não é restritiva, desde que não haja sangramentos e fissura mamária. Caso haja, deve-se suspender a amamentação e substituir provisoriamente pela fórmula infantil (leite) até que o mamilo se recupere das lesões.

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As hepatites B e C têm tratamento gratuito no SUS.

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O sexo desprotegido também pode transmitir as hepatites B e C. Se você não se protegeu durante as relações sexuais, procure um serviço de saúde para receber orientações e realizar testes das hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis.

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