DOENÇA FALCIFORME
A Doença Falciforme (DF) é uma das hemoglobinopatias mais prevalentes no Brasil e constitui um grave problema de saúde pública, principalmente entre a população negra, devido à sua origem genética associada à ancestralidade africana. Trata-se de uma condição hereditária caracterizada pela presença da hemoglobina S, que, quando herdada de ambos os pais, leva à formação de glóbulos vermelhos em formato de foice, dificultando a oxigenação adequada dos tecidos e provocando obstruções vasculares, dores intensas, infecções e lesões em órgãos vitais.
O diagnóstico precoce é essencial e, no Brasil, está disponível por meio do Teste do Pezinho, conforme instituído pela Portaria nº 822/2001, que incluiu a triagem para hemoglobinopatias no Programa Nacional de Triagem Neonatal. O tratamento para a DF visa principalmente controlar os sintomas, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, sendo fundamentais ações como o uso de penicilina profilática, imunizações regulares e acompanhamento clínico especializado.
Desde 2005, a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias (PNAIPDF), estabelecida pelas Portarias nº 1.018 e nº 1.391, busca garantir atenção integral e equitativa, articulando áreas técnicas cujas ações têm interface com o atendimento hematológico e hemoterápico. A linha de cuidado, o protocolo clínico e as diretrizes terapêuticas reforçam a importância da abordagem multiprofissional, da educação em saúde e da escuta qualificada para o cuidado integral das pessoas com DF no SUS.
Mais recentemente, a Portaria 2.010, de 27 de novembro de 2023, tornou a DF uma doença de notificação compulsória no Brasil, tanto para serviços de saúde públicos quanto privados. Isso significa que casos suspeitos ou confirmados da doença devem ser notificados às autoridades de saúde. A medida visa aprimorar o monitoramento epidemiológico e a implementação de políticas públicas mais eficazes para essa condição.