Diagnóstico precoce e tratamento adequado são fundamentais para a cura da tuberculose

A tuberculose é uma dez principais causas de morte no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2019, a doença atingiu cerca de 10 milhões de pessoas e causou aproximadamente 1,2 milhão de mortes. A pandemia de COVID-19 reverteu anos de progresso global no combate à tuberculose e, pela primeira vez em mais de uma década, as mortes pela doença aumentaram, de acordo com o relatório global da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2021. Cerca de 1,5 milhão de pessoas morreram de tuberculose em 2020.

Os dados nacionais também são altos. O país continua entre os 30 países de alta carga para a tuberculose (TB) e para a coinfecção TB-HIV. No ano de 2020 foram 66.819 casos novos registrados no país, com uma taxa de incidência de 31,6 casos por 100 mil habitantes. Em relação aos óbitos, foram registrados 4,5 mil pela doença, com uma taxa de mortalidade de 2,2 óbitos por 100 mil habitantes.

Em Santa Catarina, no ano 2021, foram notificados 1.794 casos novos de tuberculose, o que revela uma incidência de 25 casos por 100 mil habitantes, segundo o Sistema de informação de Agravos de Notificação (SINAN). O estado atualmente tem uma das menores taxas de óbito do país (1,13 óbitos por 100 mil habitantes), no mesmo ano, embora com aumento desde o ano de 2017.

“A avaliação e análise dos indicadores epidemiológicos da tuberculose são importantes para o planejamento das ações para o controle da doença no estado. Através destes dados é possível identificar as necessidades de melhorias e promover ações voltadas para prevenção, diagnóstico e tratamento. Com a pandemia da COVID-19, enfrentamos vários desafios, sobretudo no atraso do diagnóstico da tuberculose, sendo necessária a promoção de cuidados para intensificar o diagnóstico e tratamento”, alerta Regina Valim, médica infectologista da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE/SC).

Tuberculose
A tuberculose é considerada uma das doenças mais antigas da humanidade e ainda nos dias de hoje é um importante problema de saúde pública, sendo declarada como enfermidade reemergente desde 1993, pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O dia 24 desse mês é marcado pelo Dia Mundial de Combate à Tuberculose.

É uma doença infecciosa e transmissível causada por uma bactéria que afeta, principalmente, os pulmões, mas também pode ocorrer em outros órgãos do corpo, como ossos, rins e cérebro. A transmissão se dá por via aérea e pode acontecer de várias formas: através de fala, espirro e tosse da pessoa infectada. O contato direto com o doente em ambiente fechado e com pouca ventilação representa maior chance de outra pessoa ser infectada.

O principal sintoma da tuberculose é a tosse (por três semanas ou mais), associada ou não a febre (especialmente à tarde), suor intenso à noite, falta de apetite e emagrecimento. Quem apresenta esses sinais e/ou sintomas deve procurar atendimento médico e seguir o tratamento até o fim, que dura no mínimo seis meses.

“A atenção à saúde das pessoas com maior vulnerabilidade à doença, como pessoas em situação de rua, pessoas vivendo com HIV/AIDS, pessoas privadas de liberdade e população indígena têm sido um desafio para as equipes de saúde. Essas pessoas têm mais chances em desenvolver a doença”, destaca Lígia Castellon Gryninger, médica infectologista da DIVE/SC.

A vacina BCG é uma maneira de proteção contra as formas graves de tuberculose e faz parte do calendário vacinal, devendo idealmente ser feita ao nascimento. “Além disso, como forma de prevenção e controle da doença é sempre importante investigar os contatos mais próximos da pessoa que está em tratamento para que seja descoberta a infecção e/ou doença o mais rápido possível. Desta forma, o tratamento é iniciado precocemente e há a diminuição de possíveis complicações, além da redução na transmissão”, explica Lígia.

Capacitação
Médicos de várias regiões do estado e técnicos da Secretaria de Estado da Saúde participaram de uma capacitação nessa terça-feira, 15, sobre a implantação de Teste de Genotipagem para Mycobacterias e IGRA (Interferon Gamma Realease Assay ou Ensaio de Realização de Interferon Gama em português). A capacitação realizada pelo Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN/SC) e Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE/SC), em parceria com o Ministério da Saúde, foi realizada com o intuito de trazer as novas tecnologias relacionadas ao diagnóstico e ao tratamento da infecção latente da tuberculose.

Dessa forma, a implementação dessas novas tecnologias pelos serviços de saúde pode garantir um diagnóstico mais ágil da doença, permitindo o tratamento oportuno dos casos, inclusive da infecção latente, reduzindo a carga da doença, melhor adesão ao tratamento e a redução no número de óbitos. “O objetivo de capacitar diversos profissionais é melhorar a qualidade do diagnóstico e do tratamento para combater a tuberculose em Santa Catarina”, destacou Lígia.

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